Porto Velho, RO - Finalmente os rondonienses terão oportunidade real de serem ouvidos sobre o projeto de duplicação de apenas 113 quilômetros da BRF 364; obras de terceiras pistas e outras melhorias. Finalmente, os rondonienses poderão protestar contra os sete postos de pedágios projetados entre Vilhena e Porto Velho e pelo custo abusivo que eles vão impor aos motoristas. Porque até agora, o que se sabe é que duas audiências públicas convocadas pela ANTT (Agência Nacional de Transportes Terrestres) ocorreram praticamente em segredo. Tanto na realizada em Porto Velho quanto na de Vilhena, a participação de representantes da sociedade, que obviamente iriam querer debater o assunto, foi muito perto do zero. Sem praticamente nenhuma divulgação, elas ocorreram como se ninguém de Rondônia tivesse interesse de debater um tema tão importante. Depois do leilão feito e das decisões que causaram veementes protestos em praticamente todos os setores da sociedade, os senadores Marcos Rogério e Jaime Bagattoli se uniram para anunciar que vão chamar audiências públicas em diferentes cidades do Estado, para que a população possa, mesmo que tardiamente, opinar sobre a privatização e os altos custos que terá para todos.
Num vídeo divulgado por ambos nas redes sociais, os dois representantes de Rondônia que contestaram a forma como a privatização foi feita (o outro senador, Confúcio Moura, considera que o leilão e suas consequências serão benéficas para o Estado) afirmaram que convocarão audiências públicas para novo debate sobre o assunto. A decisão foi anunciada logo depois de uma audiência na Comissão de Infraestrutura do Senado, presidida por Marcos Rogério, em que participaram membros da ANTT; deputados federais e estaduais e representantes da Aprosoja, entidade que representa o setor produtivo. Já estão confirmadas pelo menos três audiências: em Porto Velho, em Ji-Paraná e em Vilhena. As datas ainda não foram definidas.

Há pelo menos três questões em que se baseiam as discordâncias dos rondonienses em relação ao projeto. O primeiro deles é a decisão de se duplicar menos de 17 por cento do total dos quase 700 quilômetros entre o extremo sul e a Capital rondoniense. O segundo, a implantação de um posto de pedágio a cada 100 quilômetros, com preços abusivos, onde um motorista de caminhão, dependendo do número de eixos, pode pagar até 2 mil reais por viagem. O terceiro: o fato de que primeiro vamos pagar pedágios, para só depois recebermos as melhorias previstas no contrato. Mas se poderia acrescentar um quarto motivo: as audiências públicas quase secretas realizadas, sem que houvesse divulgação e impedindo que os rondonienses também decidissem sobre o assunto. O caso da BR, portanto, ainda vai longe.

Fonte: Sérgio Pires/Foto: DNIT/Divulgação