
Gleisi Hoffmann e Lula durante encontro do Foro de São Paulo, em junho de 2023. (Foto: Valter Campanato/Agência Brasil.).
Porto Velho, RO - Muitos repetem que a Escandinávia é socialista; e que o Portugal do (ex-)primeiro-ministro António Costa era socialista. Já me disseram até “quer país mais socialista que a França?”
Pena que está tudo errado. Todos os países da Escandinávia estão entre as nações líderes no Índice de Liberdade Econômica da Heritage Foundation: Dinamarca em quarto lugar, Noruega em sexto e Suécia em oitavo. Quanto ao “socialista” português António Costa, ele promoveu a austeridade fiscal (que aqui é considerada coisa de “neoliberais”), visto que, quando o Estado tem menos dinheiro, mais dinheiro fica do bolso das pessoas (e vice-versa); já a França está na 63.ª posição em liberdade econômica. E o Brasil? Está na 113.ª posição, no penúltimo quintil.
O que as pessoas não entendem é que a esquerda que existe no resto do Ocidente é social-democrata moderada e civilizada; não é extremista, revolucionária, autoritária, e nem marxista.
Enquanto isso, aqui ainda temos diversas organizações marxistas, como PSol, PCO, PSTU, PT, PcdoB; grupos criminosos, como MST e MTST; e, nas universidades, ainda temos a UNE. São 50 tons de vermelho!
A turma daqui ainda não aceitou a democracia; participa dela porque não consegue derrubá-la por fora, e então a mina por dentro
Nos anos 80, mandavam-nos fazer lições de casa elogiando a URSS. Em pleno 2025, adolescentes e jovens ainda exaltam o revolucionário Marx! Teorias marxistoides são ensinadas às crianças desde a mais tenra idade (quando elas são mais fáceis de manipular), como se fossem fatos objetivos, nas escolas de todas as ordens e graus. A politização das crianças é um dos tratos mais típicos dos totalitarismos. Os pais nem notam; acham normal e até concordam – porque também passaram por isso. Já ouvi a defesa de Cuba, da China e até da Coreia do Norte nos colégios privados mais caros do país!
Em 2001 não faltou quem celebrasse o ataque às Torres Gêmeas, em 2023 não faltou quem celebrasse o massacre terrorista do Hamas em Israel! Esse é o nível da nossa esquerda. Saem todos repetindo bovinamente as mesmas palavras de ordem que colocam a culpa de tudo em Portugal, na Inglaterra e nos EUA, dizendo que “somos um país capitalista”, que “fomos colônia de exploração” e coisas parecidas.
Os partidos acima são aqueles mesmos que participam do Foro de São Paulo, que apoiaram Fidel Castro, Hugo Chávez, Nicolás Maduro, Evo Morales, o casal Kirchner, Mahmoud Ahmadinejad, as ditaduras de Angola, Nicarágua e China... Recentemente, nosso vice-presidente sentou-se ao lado dos líderes do Hamas, do Hezbollah e dos houthis; só faltou Darth Vader!
O leitor acredita, por acaso, que Justin Trudeau, Olaf Scholz, Gordon Brown, Matteo Renzi, Segolène Royal, Barack Obama ou outros famosos líderes da esquerda ocidental elogiam esses ditadores? Quando, na pior das hipóteses, fazem negócios com eles ou até os apoiam (caso de Bashar al-Assad ou Muamar Kadafi), o fazem como “mal menor”, em face de uma possível fragmentação do país, guerra civil ou caos,e não como modelo a seguir, como fazem os brasileiros.
Mais realismo político e menos idealismo
“Vamos tomar o poder, que é diferente de ganhar a eleição”, disse uma vez José Dirceu. A esquerda brasileira até participa das eleições, mas toma o poder de facto de outras formas. Na mais alta corte do país, colocaram o ex-advogado do partido, o advogado pessoal do presidente da República, um ex-ministro de Estado que até se declarou “comunista, graças a Deus”. Um outro fez o favor de conduzir o impeachment da presidente da República fazendo com que ela não perdesse os direitos políticos; anos depois, também participou de um evento do MST. Tudo normal.
A diferença entre socialismo e social-democracia é exatamente a democracia. O socialismo não aceita “o sistema” (atual), prega a revolução e a instauração de um autoritarismo, na concepção de seus mesmos ideólogos. Os sociais-democratas são aqueles que continuam com os ideais de igualdade, mas que abandonaram a via revolucionária e o autoritarismo, abraçando a chamada “terceira via” – terceira entre as democracias capitalistas representadas pelos Estados Unidos e os autoritarismos socialistas representados pela URSS.
A turma daqui ainda não aceitou a democracia; participa dela porque não consegue derrubá-la por fora, e então a mina por dentro. Sim, é possível ser revolucionário “dentro do sistema”: basta aparelhar o Estado, deturpar a democracia e ser “contra tudo que está aí”; não basta simplesmente criticar e melhorar o sistema, mas é preciso derrubá-lo e substituí-lo com algo diferente.
A maioria dos que apoiam essa turma acha que está apoiando algo moderado, a social-democracia. Mas, na verdade, estão apoiando o espírito revolucionário e autoritário, que mira na Escandinávia e acerta na China. Por isso, temos de seguir repetindo o óbvio: o céu é azul, 2 mais 2 são 4, e o socialismo é revolucionário e ditatorial.
Fonte: Por Adriano Gianturco